17 agosto 2003

Hoje dou livros:
Para o Littleblackspot que há tempos escreveu sobre o poeta alemão.
Poemas e Canções de Brecht, selecção e versão portuguesa de Paulo Quintela, Livraria Almedina, Outubro de 1975.
E um excerto do poema An die Nachgeborenen ( Aos que virão a nascer), uma espécie do testamento do B.B, anos 50.

(...)
Vós, que haveis de surgir da cheia
Em que nós nos afundámos
Lembrai-vos
Quando falardes dos nossos fracos
Também do tempo escuro
A que escapastes.

Pois nós marchámos mudando de terra mais vezes que de sapatos
Através das guerras de classes, desesperados
Quando lá só havia injustiça e não revolta.

E contudo nós sabíamos:
Também o ódio contra a vilania
Desfigura as feições.
Também a cólera contra a injustiça
Enrouquece a voz. Ai, nós
Que queríamos amanhar o terreno para a amabilidade
Não podíamos nós mesmos ser amáveis.
Mas vós, quando chegar a hora
Em que o homem possa ajudar o homem
Pensai em nós
Com indulgência.


E para R. não ficar entusiasmada outro poema, de outro alemão, Erich Fried, tradução de Quintão Portela, edição da Dom Quixote de 1979. Infelizmente não posso dar o livro

Em tempo de guerra não se limpam armas

Infelizmente
Hoje não temos tempo
Para subtilezas


Disse alguém
Que eu já há anos conhecia
Como um grosseirão.

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