26 agosto 2003

Viva a Fundação Esplendorosa

A circularidade dos grandes media é asfixiante. No DNA Anabela Mota Ribeiro (que recentemente se notabilizou por humanizar o Presidente da Câmara de Lisboa numa entrevista formatada para os serviços da próxima candidatura distribuírem a um sector-alvo-ainda-não-conquistado) entrevista José Gameiro. O entrevistado é seguramente uma pessoa estimável, mas a entrevista é um enorme bocejo que vem confirmar o que já se suspeitava: a terapia familiar só dá asas ao terapeuta. A frase mais chocante que ela conseguiu extrair para destaque foi: "No futuro teremos dois casamentos". Admirável Mundo Novo!
No Público de ontem lá está EPC a citar a entrevista para, no estilo Dupont/Dupond, asseverar que teremos três ou mais casamentos. Esta circularidade, onde eles se citam todos uns aos outros, onde são os ecos uns dos outros, atinge a blogosfera. A blogosfera lusa é dominada por uma Fundação esplendorosa, com um saber intimidatório e prepotente, um estatuto de intocável, uma legião de admiradores sequiosos de citação. A Fundação tem monarca e petrarca, impunidade para ser A Crí­tica da democracia representativa europeia e sua puta em Bruxelas. A esquerda que temos dá-lhe palmadinhas nas costas(com a secreta esperança de conseguir um lugarzito de admistrador cultural da Fundação) e ele, que se farta de dar porrada, há anos que nem sequer é beliscado. A primeira divisão da blogosfera saudou entusiástica a chegada do Cristóvão de Moura. O homem entrou bem, com a escolha do nome do blog e a invocação provocatória do nosso Rei de Hespanha. Ninguém disse nada (é pací­fico que devíamos ser província de Castela, ter um estatuto de autonomia como o da Galiza com as elites acastelhanadas como grandes eleitores e a arraia miúda organizada em comissões de bairro a treinar democracia directa). Depois enredou-se na necrofilia do Portas sem que se tivesse percebido bem a sua posição. Também ninguém quis saber. Agora convida o Presidente da Fundação para o alpendre da casa de campo que vai inaugurar. Não podemos deixar de aplaudir o convívio. Mas que saudades de uma boa polémica...

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