E agora José? E agora Rosario?
Na contra-capa de El mal de Montano uma fotografia de Enrique Vila-Matas. Olha-nos de frente, talvez de um plano ligeiramente mais baixo que o nosso. A mão direita, à altura do queixo, segura um cigarro. Veste um blaser preto e uma camisa clara, de colarinho apertado. Olha-nos, interrogativamente, com os olhos muito abertos, a boca fechada, o rosto mal barbeado.
Na página 132 o narrador Vilamateano dá-nos uma chave para uma das fotos. Diz-nos que, à semelhança do que fez José Cardoso Pires aos cinquenta anos, lhe deu para fumar frente ao espelho e perguntar. E agora, José. Ele, perigosamente deixado em casa num longo fim de semana em que todos parecem ter desertado, pergunta: E agora, Rosário. (Rosário Girondo é o matrónimo do narrador vilamateano, o nome da mãe, autora do inédito Teoria de Budapest, e o nome com que o narrador assina os seus livros).
E num diálogo hamletiano, ao espelho, ouve uma voz que lhe diz:
-Agora. Continua a fumar.
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