03 setembro 2003

Oh destino dos pastores

Zé Cabreiro na Ribeira das Fragas, ao Coentral. Trezentas cabeças de gado, cabras que pernoitam no curral comunitário da aldeia e são largadas pelos pastos do desfiladeiro. A ribeira cai do alto das falésias em cascatas sucessivas- o caminhante segue a margem direita, equilibra-se nos xistos húmidos, procura um trilho inexistente. Zé Cabreiro tinha dado explicações vagas- vai por onde vê aquela azinheira, depois por aqueles penhascos e sempre seguindo o ribeiro mas pelos cimos, sem se chegar à àgua. Mas estes pontos de referência pouco o ajudaram e o pastor opta por acompanhá-lo no percurso.
Algum tempo depois ele percebe que a arte de encontrar o trilho consiste em seguir as cabras. Mas qual é o destino das cabras? De que modo as conduz este homem de passos vagarosos, e respiração piante? Interrogado, o pastor explica com uma frase o que ele devia saber há muito: " Para onde vai o gado vai o pastor".
E o caminhante pensa: "Oh destino dos pastores. Talvez não seja pior que o meu"

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