À tarde no estádio
Numa noite levantaram as escadas, ruelas e praças circundantes ao novo estádio de coimbra. Hoje que é domingo, lá estão a trabalhar. Passei duas vezes. Vi gigantes de tronco bronzeado e olhos claros. Pareciam cartazes dos sábados comunistas. Estavam a levantar uma pátria livre da exploração. Com que energia, com que entusiasmo. Da segunda vez vi uma multidão de operários africanos, ajoujados. Batiam os cubos de calcário da calçada portuguesa com mãos nuas e enormes martelos. Escravos a abrir as estradas das metrópoles africanas no fim do século XIX. O suor de uns escorria e misturava-se com o suor dos outros. Ali, fraternalmente, ao sol de setembro. Nas esplanadas, distraídos, os de coimbra bebiam cocktails leves, ignorando que se estão ali a cumprir pelo menos duas das grandes utopias modernas.
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