Um poeta
Princípio da Inexistência
Escurecia anoitecia ou simplesmente o mundo deixava de respirar
A floresta nua de contornos adivinhava-se nos abismos planos das sombras
e a bruma que dançava sem dançar entorpecia-lhes os gestos de olhar
Não havia vento não havia ritmo não havia mar
e os corpos em queda traziam as almas penduradas como folhas de Setembro
que se desprendem dos dedos-secas-ecos de quem deixa de amar
ou simplesmente o mundo deixou de respirar
Pelo fim de Verão
Reencontro a intimidade da vegetação
Na errancia líquida das cores pelo fim do Verão
Setembro é uma corrente de água e de sombras,
rente ao gestos inacabados da escrita.
Sandra Costa1971
S. Mamede de Coronado, Trofa
Professora de História
Publicou Sob a luz do mar, Campo das Letras, Porto , Outubro de 2002
Desde Junho num "dos lugares poéticos que cresce por aqui. Minimalmente, em jeito de haikais, em jeito de precisas impressões, que podem muito bem ser imperfeitas."
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