29 outubro 2003

Antologia de O Mal: Wislawa Szymborska

O terrorista... olha

A bomba vai explodir no bar às treze e vinte.
São neste momento treze e dezasseis.
Alguns conseguem ainda entrar,
alguns sair.

O terrorista passou já para o outro lado da rua.
A esta distância ficará livre de perigo
e, quanto a vista, é como no cinema:

Uma mulher de casaco amarelo... entra
Um homem de óculos escuros... sai
Rapazes de jeans... conversam.
Treze horas, dezassete minutos e quatro segundos.
Aquele baixinho tem sorte e senta-se na vespa,
mais um tipo alto que entra.

Treze horas, dezassete minutos e quarenta segundos.
Passa uma moça de fita verde nos cabelos.
Só que o autocarro oculta-a.
Treze e dezoito.
A rapariga desapareceu.
Se foi bastante estúpida para entrar ou não,
Isso se saberá pelas noticias.

Treze e dezanove.
Parece que ninguém entra.
Há porém um careca gordo de sai.
Mas olha, parece que procura algo nos bolsos,
Faltam treze segundos para as treze e vinte,
E ele volta a entrar em busca das luvas que perdeu.

São treze e vinte.
Como o tempo voa.
Deve ser agora.
Ainda não.
Sim, é agora.
A bomba... explode

Wislawa Szymborska
Tradução

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