29 outubro 2003

as palavras

é preciso que elas percorram as veias, deixamo-nos injectar nos pontos
mais dolorosos do nosso corpo, esperar, aguardar o livre curso da
infecção, do tempo, dos pensamentos meio devagar, deixar alastrar o
estado febril, com sorte surpreender numa malha cristalina e sólida o
seu registo, com sorte o tempo restaurará a temperatura para o valor
normalizado, com sorte um pequeno cubo de arestas afiadas conterá a
infecção dois milímetros dentro da pele, as arestas afiadas prontas a
romper novos tecidos em plena nova calma, o cubo de novo a escorrer, a
engrossar a corrente negra que me prega ao chão, mas nunca menos do
que isso.

PC

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