02 outubro 2003

Dos sacramentos

A Igreja quer acabar com os abusos cometidos na celebração dos casamentos. Embora as regras para a cerimónia sejam claras e constem do direito canónico, a diocese de Braga sentiu necessidade de publicar uma nota pastoral para relembrar as normas e evitar excessos que desvirtuam a celebração do sacramento.

As capelas privadas e as quintas que servem, simultaneamente, de cenário religioso e de festa são duas situações que a diocese pretende eliminar de vez. A celebração do casamento deve ocorrer nas igrejas onde se pratica o culto, ficando excluídas as capelas que pertencem a famílias e as quintas onde as empresas de festas realizam o chamado «copo-d'água».

«Há empreendedores turísticos com fins lucrativos que até se propõem tratar do processo todo, desde o padre, a cerimónia até à festa», explicou ao DN o cónego Valdemar Gonçalves, vigário geral de Braga e autor do documento. A orientação eclesiástica serve para acabar com este «negócio» e tentar envolver mais os noivos, familiares e amigos no sacramento.

Apesar do matrimónio católico implicar um sacramento e de as regras para a cerimónia serem evidentes, os pedidos de licença para esta celebração são diversos e rondam o insólito. Jardins, espaços privados e até o barco que faz a travessia pelo Douro são exemplos de locais onde alguém já pensou realizar o matrimónio.

A nota pastoral servirá ainda «para que o sagrado não seja desvirtuado do seu verdadeiro significado» e para «reconduzir a celebração para os locais e circunstâncias que lhe são devidas».

No Porto, certos abusos já levaram a diocese a enviar, em Outubro, uma circular para os párocos com estas recomendações. «O sacramento exige uma envolvência própria que se estava a perder», disse ao DN, fonte da diocese.

O cumprimento da norma em Lisboa não exigiu nenhuma posição por parte da diocese. «Aqui a prática é a que consta do direito canónico. O sacramento é um acto de igreja e não privado, por isso não há excepções», afirmou Luís Manuel, padre da Sé de Lisboa.



Diario de Notícias de hoje

O adviser de O Mal para questões religiosas, Jorge Oliveira, disse que se opunha à  banalização do sagrado. Se duas pessoas querem tornar pública a sua relação o que o padre tem a fazer é passar para o lado do público (ele disse "comunidade") e dizer baixinho: "aceito".

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