14 outubro 2003

RE: André B.

Este é o André, um número mecanográfico num posto de trabalho de uma sociedade anónima.
Gosta de se pensar e apresenta-se aos íntimos como escritor profissional não literário fluente em linguagens de léxico pobre, reduzidíssimo, mas severas na sintaxe e exigentes no encadeamento lógico. Pratica uma escrita sincrética feita de excesso de nicotina, frases elementares e algum café. Os textos, sem manchas metafóricas e parcos em retórica, são textos de acção/execução e apropriadamente chamam-se utilizadores os seus leitores. Para ele, essência sempre foi naturalmente gasolina.
O André está a mudar, espantou-se com a Natureza do Mal. Ele, o bem não imobilizado parelha de um terminal cadastrado, começa a transformar-se ao ser tocado no TAGV pelos ‘pequenos ventres bojudos’, vê o ranger da ‘agitação de nádegas’ e Vila-Matas, sentiu-se a agarrar e a morrer, fascina-se, envia figos pingo de mel, ‘sofre dum mal de espanto’, ri-se agora como a Zazie.
A busca que fez ao meio dos oceanos gorou-se, está escrito no rolo do papiro. Não inteiramente.

André Bonirre

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