19 novembro 2003

Cadeados

Detesto cadeados. Reais e simbólicos. Mas espanta-me a indignação de Vital Moreira a invocar a lei, a constituição e as regras democráticas. Talvez a direcção da A.A.C. só tenha sido eleita por 2% dos estudantes, como ele diz. Mas quantos portugueses elegeram a Assembleia da República, as Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia, os deputado europeus? Os eleitos estudantis fazem assembleias com os seus eleitores onde as decisões podem ser discutidas e sufragadas. Quantos dos eleitos da nossa democracia representativa se podem orgulhar do mesmo? Esquecidos da sua juventude os professores queixam-se de não poderem continuar a sua vida normal. A lógica dos estudantes radicais é precisamente a de pôr em causa a normalidade da vida universitária. A resposta institucional só pode ser política e continuada e não policial e contingente. Vilaverde Cabral chamava, na passada sexta-feira no DN, atenção para o facto de estar em curso uma grande operação ideológica que consiste em criminalizar a actividade oposicionista. Os estudantes são hoje, neste país de gente económica, política, social e culturalmente atemorizada, o único grupo social a fazer oposição sistémica.
A minha simpatia, que vai para os estudantes radicais, às vezes tem oscilações. É então que vejo a Professora não me lembro do nome, com face corpo e roupa de onde todo o brilho para sempre se arredou, a fazer queixa para as câmaras de que não a deixam trabalhar e lhe puseram uns aparos de madeira na fechadura. E a luta dos grevistas volta a ter sentido.

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