06 novembro 2003

Constância é um sítio assim

Constância é uma coisa assim. Levamos às vezes o tempo a coleccionar meios momentos, sabores num garfo, aromas que passamos a carregar numa caixinha de cor impossível, palavras, emoções, imagens só fotografadas de memória. Fazemos isto com o máximo de cuidado e zelo, parecemos guardar tudo isso até ao momento em que terá um sentido maior, quando encontramos o album que reclama e dá uma cor possível a todas as memórias. Ou guardamos mesmo sem fazer sentido porque isso é a vida, ou guardamos até fazer sentido ou não, ou só por guardar. Constância é um sítio assim. Tem a junção de dois dos maiores rios portugueses – promete encontros, tem o tamanho de
vila – pode-se caminhá-la, tem ruas de pedra, cal e flores – pode-se inspirar sem nunca expirar, tem Almorol eternamente separando as águas que se juntaram – e ternamente as juntando de novo. São assim as coincidências sublimes, é assim o amor à primeira vista, mas que eu acredito, só se revelam mais tarde, muito mais tarde, no futuro das coincidências.

PC

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