30 novembro 2003

Sobre o escritor funcionário público - com um pedido de desculpa ao Robert Walser

1.Um escritor é um criador com menos dignidade do que um actor, um bailarino, um músico, um cineasta. 2. Receber um subsídio do Estado torna um ecritor funcionário público? 3. Um cineasta que é subsidiado pelo Estado, ou por um organismo do Estado, é por isso um cineasta de regime? 4. Numa lógica liberal, com todos os bens mercantilizáveis, também a investigação deveria ser apoiada apenas pelas empresas? Os investigadores que preenchem aqueles horríveis formulários para a FCT sentem-se funcionários públicos? Sentir-se-iam melhores apoiados por mecenas? Os formulários das Fundações, dos Bancos etc, são melhores? E os deputados? Aquela saudável pulsão representativa, aquele ardor de servir o povo não poderia ser realizado, benévolamente, à noitinha e nos fins de semana?
Também acho horrível a cultura subsídio-dependente; a cultura dos que obtêm benesses sem concurso nem avaliação. Mas dormiria mais descansado se soubesse que o dinheiro dos meus impostos iria para um libreto de ópera ou para uma trapezista de circo que para o motorista do gestor público, ou para as despesas de representação do subsecretário, ou para as viagens do deputado.

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