22 novembro 2003

Zazie no Metro de Almourol

Vamos os quatro depois de uma noite mal dormida. A de A Natureza do Mal, toda de preto e saia curta. O André, o PC e eu de óculos escuros e gravatas azuis celestes ilustradas a pássaros. Chegamos cedo a Almourol e temos quase uma hora para esperar, como convém numa peregrinação. Tiramos fotografias na estação quase deserta. A preto e branco, com vento e um ameaço de chuva. Parece um filme de Wim Wenders. Quando faltavam dez minutos a de A Natureza do Mal ficou imponderável e começou a subir contra as catenárias. Atámos as gravatas ponta a ponta a ponta para a manter junto de nós o mais possível. Parecia um filme de Jim Jarmusch. Ela chegou no horário previsto. O PC e eu estávamos nos Homens, aflitos, como antes dos exames. Não era preciso cartaz porque a de A Natureza do Mal ainda não tinha descido e os olhares dos passageiros, ao sair das carruagens, convergiam no braço esforçado do André, ao baraço. Trocámos de identidades, quando ela se aproximou para as apresentações. Foi ela quem disse o nome da de A Natureza do Mal. O André passava bem por mim. Mas eu nunca estive em Los Álamos nem tenho a vida toda pela frente. Foi aí que a Zazie desconfiou. Parecia um filme do David Lynch.

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