C. Moreria
Na c. Moreria o restaurante. Preparam umas trufas deliciosas. Às onze e trinta, quando se torna provável que não virá mais ninguém, convidam-nos para a mesa da família. Os filhos, robustíssimos, e as namoradas, eloquentes. O pai é o único que se não senta. Discreto, percorre permanentemente o restaurante, com gestos que devem corresponder a pequenas arrumações. O primo é o sócio capitalista e divide as tarefas da cozinha com a mãe Lorena. Falamos da chuva, que afastou os clientes, de futebol, o Porto empatou em Chamartin. Mas eu sou do Barça e o terreno é escorregadio. Ah, caso não saibam a esquerda ganhou as eleições na Catalunha, afastou 23 anos de nacionalismo conservador que se confundiu com Pujol e soube unir-se para criar um governo. Essa esquerda chama-se Republicana. As suas faces são Carod Rovira e Ernest Benach, surpreendentemente eleito presidente do Parlamento autónomo de Catalunha. O socialista Maragall será, tudo indica, o próximo Presidente da Generalitat. O governo terá assim uma componente catalã independentista (ERC), e outra nacional (a filial catalã do PSOE), para lá do contributo de um grupo mais pequeno, a Iniciativa para Cataluna (Verds). Um dos responsáveis de Esquerda Republicana disse uma frase que me agrada, dirigida aos amigos de Pujol que confundiram o estado com o seu grupo: Não somos autoctonistas (como si sólo pudieran gobernar Cataluña los autóctones e catalanohablantes). No restaurante Portico siglo 21 de Madrid esta frase foi particularmente bem acolhida, e a sua citação determinante para o postre de chocolate que, em dez minutos, a mãe Lorena preparou para apoteose.
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