Contributo de Paulo Portas para o debate sobre o aborto.
Assembleia da República. Debate com o governo. Plano de Louçã dirigindo-se a Durão. Plano de Portas, Paulo, inclinado para Durão. Portas está com o ar post beatificação, músculos demasiado relaxados, postura excessivamente afundada na cadeira. Parece uma ilustração sobre a capacidade afrodisíaca do poder. Durão é um tigre pronto a saltar. Portas bichana ao ouvido de Durão. Este percebe rápidamente o comentário. Rabisco no caderno de notas que tem à frente. Plano geral da assembleia: na sexta fila, o deputado laranja por Lamego esbraceja e grita um impropério (Vai trabalhar malandro!). Plano de conjunto da direcção socialista: Ferro com ar irritado de quem não sabe quando o libertarão daquela chatice. Bernardino Soares, esfíngico, é agora o mais velho dos dirigentes comunistas. Durão levanta-se. O corpo está arqueado e começa a falar antes de levantar a cabeça. Durão é um tigre da Malásia e a presa é Louçã. Plano de Louçã, grave, periférico, transido. E que diz Durão? O senhor é ...Pausa enfática. Na cadeira já Portas ri...aquilo que todas as sogras temem para genro! O senhor é... Já Portas assente com a cabeça...um misto de Torquemada e Trotsky. Portas ri agora com todo o corpo. É, nas Actas da Assembleia o parênteses (Risos). Ri-se, feliz, vasodilatado. Aquele Durão é, de certo modo, também uma criatura sua. Muito melhor que Monteiro, convenhamos.
À noite, numa tenda impecávelmente branca, com mesas redondas onde homens impecávelmente cinzentos e azuis se sentam ao lado de homens impecávelmente azuis e cinzentos, o vice rei da Madeira em comissão de serviço no continente declara Durão o grande vencedor do debate da tarde e dá-lhe uma prenda de Natal. Uma salva de prata. Uma salva em prata. E Durão, o corpo mantém aquela tensão magnífica que agora exibe, o rosto brilha, só os dentes traduzem alguma humana imperfeição, garante à tribo reunida a perenidade do banquete e enumera as vitórias mais recentes: a captura de Saddam, e- Delgado garantiu-lhe vinha ele a entrar para o festim- os primeiros sinais da retoma económica. É Natal, Bom Natal, Feliz Natal, Natal para todos.
À noite, numa tenda impecávelmente branca, com mesas redondas onde homens impecávelmente cinzentos e azuis se sentam ao lado de homens impecávelmente azuis e cinzentos, o vice rei da Madeira em comissão de serviço no continente declara Durão o grande vencedor do debate da tarde e dá-lhe uma prenda de Natal. Uma salva de prata. Uma salva em prata. E Durão, o corpo mantém aquela tensão magnífica que agora exibe, o rosto brilha, só os dentes traduzem alguma humana imperfeição, garante à tribo reunida a perenidade do banquete e enumera as vitórias mais recentes: a captura de Saddam, e- Delgado garantiu-lhe vinha ele a entrar para o festim- os primeiros sinais da retoma económica. É Natal, Bom Natal, Feliz Natal, Natal para todos.
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