Esclarecimento
"Não há amor por meios violentos. Nem serviço de amor. Apenas amor." "O amor deixa algumas pessoas cegas (quase)" ."És simplista, deve ser por ser homem." Escreveram na caixinha, e como me acontece com frequência surpreendente, concordei. (Também houve quem dissesse, mas foi há muito tempo, que não havia amor. Il n'y a que les gestes de l'amour. E nos gestos do amor não há violência.)
Aquilo que escrevi, ouvi no noticiário da hora do almoço. Com o simplismo que relatei. E espantei-me. Estava comigo um amigo, ainda no intervalo de idades abrangidas pelo inquérito. Também se espantou. Tanta violência, tanta vítima. O jornalista foi à rua. Perguntou a uns velhinhos pela violência. Eles não percebiam. Depois a umas jovens. Elas responderam com a firmeza e convicção que nos restituem essa crença (pelos vistos infundada) de que existe um mundo para lá do mundo dos congressos e das estatísticas. Nesse mundo há mulheres que dizem que nunca habitariam uma relação onde a violência pudesse estar presente. Como ameaça que fosse. Outro amigo, que vive no Canadá, comentou: Pode ser que seja verdade. Pode ser que caminhemos para aí. Sabes, quando quero saber para onde vamos olho para os Estados Unidos. Há lá mulheres a quem não podemos tocar. Sentem-se assediadas e queixam-se aos advogados e aos movimentos religiosos a quem devem obediência. Mas esta é uma perspectiva parcial, concordo. Não fui nunca objecto de violência sexual nem, ao contrário dos 80% dos homens das estatísticas, tenho fantasias de violação. A minha sexualidade foi sempre assustadoramente banal. Um dia que tenha tempo vou para a estrada.
Aquilo que escrevi, ouvi no noticiário da hora do almoço. Com o simplismo que relatei. E espantei-me. Estava comigo um amigo, ainda no intervalo de idades abrangidas pelo inquérito. Também se espantou. Tanta violência, tanta vítima. O jornalista foi à rua. Perguntou a uns velhinhos pela violência. Eles não percebiam. Depois a umas jovens. Elas responderam com a firmeza e convicção que nos restituem essa crença (pelos vistos infundada) de que existe um mundo para lá do mundo dos congressos e das estatísticas. Nesse mundo há mulheres que dizem que nunca habitariam uma relação onde a violência pudesse estar presente. Como ameaça que fosse. Outro amigo, que vive no Canadá, comentou: Pode ser que seja verdade. Pode ser que caminhemos para aí. Sabes, quando quero saber para onde vamos olho para os Estados Unidos. Há lá mulheres a quem não podemos tocar. Sentem-se assediadas e queixam-se aos advogados e aos movimentos religiosos a quem devem obediência. Mas esta é uma perspectiva parcial, concordo. Não fui nunca objecto de violência sexual nem, ao contrário dos 80% dos homens das estatísticas, tenho fantasias de violação. A minha sexualidade foi sempre assustadoramente banal. Um dia que tenha tempo vou para a estrada.
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