25 janeiro 2004

Mulheres: Meg Ryan/Jane Campion (2)

É espantosa a frequência com que me encontro em discordância com EPC. Escreveu sobre In the Cut. No meio da prosa lembrou-se de miss Kidman para a contrapor a Meg Ryan. Concerteza que miss Kidman estaria bem naquele como em qualquer outro papel. Mas é uma maldade, que não subscreveria, diminuir Meg Ryan no momento em que se liberta do esteriótipo de actriz bonitinha da comédia americana, para ser uma mulher de Jane Campion.
In the Cut é sobre o desejo feminino, corrijo. A coreografia do primeiro encontro com o detective, a forma como ele conta a sua aprendizagem amorosa e evoca a mulher mais velha. A suspensão do olhar na cave. A coragem com que se frequentam os lugares do perigo. A posse do homem hemi-algemado.
Mas é também sobre a forma como as mulheres vêem o desejo dos homens. Pois não é ela (professora, e de inglês) quem convoca o aluno para um terreno minado? Não se envolveu com um outro, claramente perturbado? Não escreve a palavra desarticulado , e, avisada dos perigos, insiste? O sonho é esclarecedor: a paixão do pai traça na neve uma ameaça mortal.
No amor, a mulher só repousa nos braços do amante algemado. Para lá chegar a sua irmã foi sacrificada. E o seu corpo está manchado com sangue. De outro homem, em tudo semelhante e diferente do seu.

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