03 janeiro 2004

No ano que vem

(Para o teu entusiasmo
Uns lábios de cimento
É o que tenho
)

O melhor deste natal
foi o Demónio do Mundo Antigo
contra o qual
a tua magia parecia coisa pouca.
Ou a rainha Elisabeth,
quando princesa élfica,
a possuir o jovem Frodo junto à fonte
(Part 1, extended version).
Ou seis poemas que começam na tarde
Em que chegaste (ou o teu guardião)
com as mãos decepadas.
Ou André Bonirre, agrafo trágico,
A reescrever o Mal prá Madalena

O melhor deste natal foi uma fogueira acesa
na noite de Sorios,
princípio perfeito, sabe-se lá de quê.

(A mulher que se entregava
nos braços cegos pelo vinho
e pela carne mal assada
com uma canção na cabeça e
uma prece nos lábios.)

Nem o céu cinzento reflecte
Nenhum rio.

Nem nas ruas agora desoladas
W. consegue reunir os pedaços
do amor ingenuamente exposto

Ou, alheios a todos os avisos
que sabiamente aqui larguei,

vocês, incautos,
para o festim dos caçadores de afectos,
continuais a retalhar os corpos,
como pão de forma fatiado.

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