02 fevereiro 2004

Meaningless

O José Mário escreveu sobre In the Cut: "É um thriller pseudo-erótico a armar ao pingarelho, cheio de efeitos visuais, saturado de cores fortes, tecnicamente exemplar (como exemplares são os melhores anúncios publicitários), mas completamente oco, vazio, meaningless."
Eu não terçaria armas por Jane Campion. Nem por Meg Ryan depois das coisas abomináveis que já fez. Nem por In the Cut com certeza, muito menos com o José Mário. Mas achei que havia no filme algum erotismo. Embora um fundo de perigo nunca se desvaneça, naquilo que penso ser a maior virtude do filme. A tensão permanente entre o desejo e uma ameaça, que se insinua desde o início e que a partir de certa altura sabemos o nome. Gostei daquela mulher, frágil, parecendo procurar a confusão, aceitando confiante o convite para lugares de terror, abrindo portas com coragem, algemando um braço do homem, ao colo do qual, ensanguentada, há-de regressar.
Claro que um desejo assim, uma vida como esta, é oca, vazia, meaningless. Exactamente como a minha, agora que penso nela.

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