Menos que uma aula
Então era tudo mentira. Até aquilo, o grande silêncio da sua infância, a elipse dos filmes para que não tinha idade. O fantástico mundo dos adultos, era, afinal a todos os níveis, um grande embuste. No dia em que a irmã mais velha se atrasou para o jantar e chegou com a cara pintada de vermelho rutilante, estrábica e silenciosa, ela soube que aquilo tinha acontecido. Era tão evidente que passou o jantar a chamar sobre si as atenções dos pais, espantada pela inocência que eles pareciam revelar. E no interior do seu espetáculo tocava baixinho a música da desilusão. Tinha que perguntar à irmã. Quanto tempo durava afinal? Pois não fora uma noite. A primeira noite podia afinal ser de tarde. E durar quanto tempo, numa tarde? Vou passar a noite contigo. Mentira. Tiveram uma noite inesquecível. Mentira. A noite em que ele a teve. Mentira.
A irmã disse-lhe que tinham sido 45 minutos. Menos que uma aula. Nunca mais se recompôs.
A irmã disse-lhe que tinham sido 45 minutos. Menos que uma aula. Nunca mais se recompôs.
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