Uma batalha na ciência e fora dela
1. Na revista THE LANCET de 14 deste mês, Chris Neyrer (e-mail: cbeyrer@jhsph.edu), um epidemiologista de Baltimore, USA, publica um artigo chamando a atenção para as implicações do Relatório Zimmermam ( Os riscos para a saúde e as consequências do tráfico de mulheres e adolescentes: dados de um estudo europeu. Londres, LSHTM, 2003, disponível desde 15 de Janeiro, aqui).
O tráfico de adolescentes e de mulheres é um ultraje à nossa consciência mas é um fenómeno global e, com o tráfico de droga, de lixo nuclear e de armas, o negócio mais rentável do mundo, submetendo políticos, governos, polícias, juízes, opinion-makers e médicos, para não ser exaustivo na enumeração.
Quando Chris Beyrer estudava este fenómeno nos USA – que doenças sexualmente transmissíveis atingem as raparigas do Leste europeu das redes de prostituição- um grupo ligado à Igreja chamado Traditional Values Coalition pediu ao Congresso para investigar “estudos de práticas sexuais bizarras” financiados pelo NIH. E, zelosos, os membros da Coalition forneceram uma lista de 157 investigadores que, nos USA, se dedicavam a estudos sobre sexo, controle da natalidade, DST e Sida, uso de substâncias ilícitas. Juristas Republicanos obrigaram o presidente do INH a justificar o financiamento destes estudos e os investigadores tiveram de detalhar a sua utilidade a uma comissão que não era constituída por pares mas por fiscais (burocratas ou ideólogos).
No New York Times de 6 de Fevereiro, citado no Lancet, Gilbert Herdt, que é director do National Sexuality Resource Center da Universidade do Estado de San Francisco, USA, escreveu : “Nos meus 25 anos de trabalho neste campo nunca vi tal clima de medo e intimidação na ciência”.
2. O El Pais dava recentemente conta do debate sobre clonagem humana para fins não reprodutivos na Espanha. Ao contrário do que se passa em Portugal os meios científicos e jornalísticos espanhóis têm discutido estes temas, importantes por abrirem uma janela de esperança a milhares de pessoas condenadas a doenças até agora incuráveis. Catedráticos de Filosofia e de Ética em universidades espanholas escrevem artigos de opinião nos media ou assinam documentos.
EL Pais assinalava a existência de outra estranha coligação, desta feita internacional, entre Espanha e USA, apostada em criar impedimentos legais e outros à investigação e utilização terapêutica das células estaminais.
Agora que o Parlamento português anuncia um debate sobre estes temas é urgente impedir alinhamentos procedentes dos poderes fácticos para, como diz The Lancet, keeping ideology and bureaucracy out of science.
O tráfico de adolescentes e de mulheres é um ultraje à nossa consciência mas é um fenómeno global e, com o tráfico de droga, de lixo nuclear e de armas, o negócio mais rentável do mundo, submetendo políticos, governos, polícias, juízes, opinion-makers e médicos, para não ser exaustivo na enumeração.
Quando Chris Beyrer estudava este fenómeno nos USA – que doenças sexualmente transmissíveis atingem as raparigas do Leste europeu das redes de prostituição- um grupo ligado à Igreja chamado Traditional Values Coalition pediu ao Congresso para investigar “estudos de práticas sexuais bizarras” financiados pelo NIH. E, zelosos, os membros da Coalition forneceram uma lista de 157 investigadores que, nos USA, se dedicavam a estudos sobre sexo, controle da natalidade, DST e Sida, uso de substâncias ilícitas. Juristas Republicanos obrigaram o presidente do INH a justificar o financiamento destes estudos e os investigadores tiveram de detalhar a sua utilidade a uma comissão que não era constituída por pares mas por fiscais (burocratas ou ideólogos).
No New York Times de 6 de Fevereiro, citado no Lancet, Gilbert Herdt, que é director do National Sexuality Resource Center da Universidade do Estado de San Francisco, USA, escreveu : “Nos meus 25 anos de trabalho neste campo nunca vi tal clima de medo e intimidação na ciência”.
2. O El Pais dava recentemente conta do debate sobre clonagem humana para fins não reprodutivos na Espanha. Ao contrário do que se passa em Portugal os meios científicos e jornalísticos espanhóis têm discutido estes temas, importantes por abrirem uma janela de esperança a milhares de pessoas condenadas a doenças até agora incuráveis. Catedráticos de Filosofia e de Ética em universidades espanholas escrevem artigos de opinião nos media ou assinam documentos.
EL Pais assinalava a existência de outra estranha coligação, desta feita internacional, entre Espanha e USA, apostada em criar impedimentos legais e outros à investigação e utilização terapêutica das células estaminais.
Agora que o Parlamento português anuncia um debate sobre estes temas é urgente impedir alinhamentos procedentes dos poderes fácticos para, como diz The Lancet, keeping ideology and bureaucracy out of science.
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