A literatura portuguesa derrotada
A bibliotecaria de Gouda chamava-se Margriet e tinha uma cara de anjo que terminava num queixo de bruxa. O conjunto resolvia-se, paradoxalmente, de forma muito atraente. A coisa correu bem. Ela lia-me Cees Nooteboom e eu Jose Saramago. Podia chamar-se aquilo uma troca desigual mas Margriet parecia gostar. Durou dois anos. Foi mais ou menos a meio do Ano da Morte de Ricardo Reis que ela comecou a bocejar. Ainda tentei Cardoso Pires, Maria Velho da Costa, Nuno Braganca, Paulo Castilho. Agustina, em desespero. Hoje, enquanto a Rainha Juliana saia pela ultima vez de Soestdjick Palace, despedimo-nos. Ela disse-me: o nosso amor era a lingua portuguesa. Margriet tinha encontrado Cervantes e Quevedo, Frei Luis de Leon e outros castelhanos mais novos. Podia entender o seu entusiasmo.
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