O direito dos judeus a ter um Estado mau
Durante dois mil anos os judeus tiveram direito a levar porrada. O holocausto durou mais de dez anos, desde o início das leis anti semitas até à solução final e depois à execução do extermínio. Tempo suficiente para os povos do ocidente se aperceberem e travarem a barbárie. Mas ninguém deu conta, ninguém sabia. Milosz conta num poema que, tal como em Campo Fiori o povo dançou logo depois de um Autodafé ter queimado Giordano Bruno, assim também em Varsóvia se cantava já o gueto ardia. E os judeus obedeceram sempre, sem revolta. Coseram nos casacos a estrela infamante. Deixaram os passeios aos arianos. Subiram para os comboios com ordem. Hoje têm um Estado como os outros. Melhor do que muitos dos Estados por onde circulamos. Melhor do que qualquer dos Estados árabes de que me consigo lembrar. Um Estado democrático, com gente simpática e que quase não consegue eleger representantes, gente normal e depois também uns fundamentalistas que continuam a viver como no século dezanove nas judiarias do leste europeu. E um primeiro ministro medíocre. Israel, um país como o nosso, mais ou menos. Os judeus têm direito a ter um país, um exército, um parlamento, um governo, uma oposição, maus como os outros.
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