14 março 2004

O Escrivão Bartleby na Encruzilhada

Hoje à tarde quando bati à Janela ninguém abriu. El@s tinham postado e saído para o chá. Como conservei a chave desde a ocupação do carnaval, fui à volta e preparei-me para entrar. Ao rodar a chave, ela resistiu e ouvi um restolho no interior. Quando me preparava para bater em retirada a porta abriu-se. Era ele, o escrivão. Muito pálido, cabelo em desalinho e uma T-shirt preta que dizia NO. Reconheceu-me, mas não mostrou grande emoção. Tentei entabular conversa. Disse-me que estava sózinho. Atirei-lhe com aquelas banalidades com que se rompe o gelo. Tenho gostado muito do blog, sabe. Você deve estar a fazer um excelente trabalho... invisível. Então logo à noite vemos o ARTE. Ele interpreta a Pina Bausch divinamente, não acha. - Coisas delas. São tudo coisas delas, foi tudo o que lhe consegui arrancar.
Ocorreu-me de súbito que talvez ele gostasse de vir até à Natureza do Mal. -Temos um biombo, uma escrivaninha, ginger-nuts. E muito livros. Olhe, Moby Dick por exemplo. E a obra completa do Vila-Matas, El Mal de Montano lido em vários lugares, Ele y Compañia, París no se acaba nunca. Podíamos fazer leituras partilhadas... Venha, vai ver que não se aborrece.- Preferia não o fazer, foi o que respondeu.
Talvez fosse da luz fraca do corredor. Mas pareceu-me ver-lhe nos olhos uma hesitação.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial