30 março 2004

A vocação natural do Refúgio

Do presidente da Comissão de Acompanhamento da Lei da Adopção Portuguesa estamos falados. Já se sabia que, como a ciência tem provado, ele acha que as crianças adoptadas por homossexuais correm o risco de ver desviada a sua orientação sexual natural. Agora ficamos a saber que no seu Refúgio não têm lugar as crianças seropositivas para HIV nem os deficientes, ou só aqueles cuja deficiência não seja detectável ao nascimento. "Portugal tem centenas de instituições, cada uma vocacionada para determinadas patologias", foi ele que disse. E isto é espantoso, esta mentalidade ordenadinha, o Refúgio dos meninos com Trisomia 21, o Abrigo das Crianças com Doença Neuro Muscular, a Casinha das crianças com Hemofilia e outras doenças da Coagulação, a Quintinha dos X-frágeis, a Lua Cheia para os HIV. Tudo no sítio, com os meios, os subsídios e as festinhas de beneficência correspondentes.
Mais grave é Dulce Rocha, a presidente da Comissão Nacional da Protecção de Crianças e Jovens em Risco, ter vindo cobrir posições destas com declarações evasivas.
O editorial do Público de ontem, assinado por Amilcar Correia, parece-me correctíssimo. Que pena, se as crianças em risco, à espera de pais, não têm nos Presidentes das Comissões do Estado, os seus melhores defensores.

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