12 abril 2004

20. Livrarias, diz:GULBENKIAN/BERTRAND

Por muito que tente recuar a momentos e lugares que me relacionaram com espaços dentro dos quais tocar ou comprar um livro se tornou um prazer, nenhum deles pode ser comparado ao mundo iniciático das carrinhas itinerantes da Gulbenkian. Para mim foram elas "a livraria" no sentido lato, alexandrino, da cápsula do tempo, dentro da qual aprendi a amar os livros. Na sua disposição geométrica, no sentido indicativo das capas, sobretudo naquilo, sempre infinito, que conseguiam transportar dentro de si. Dickens, Salgari, Twain, Tchekov, Balzac, Camilo, levei-os para casa partir dali e de mais lado algum, pois onde morava não existiam livrarias. E o senhor de cabelo e bigode brancos que me atendia, Avô Cantigas que não tocava bandolim mas também usava suspensórios, jamais foi substituído nos meus afectos por algum dos muitos livreiros que depois conheci. Incluindo o Sr. Manuel, que geria a Bertrand de Coimbra como um cavalheiro, antes desta se transformar num supemercado de livros e de os clientes passarem a ser olhados como índios apaches.

// sent by RuiB, Sous les pavés, la Plage!

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