28 abril 2004

Margarida, quando a conheci

Margarida casou-se com André porque ele era filho do Barão da Urzelina. Não é exaltante dizê-lo, mas foi assim que se passou. Era filho do Barão, tinha dinheiro. Margarida gostava de Robert mas ele era demasiado velho e os laços de sangue próximos de mais. Sim, houve aquela história do Leviatã a arrastá-la para S. Jorge. Como pode uma frágil mulher contrariar o destino se este lhe atravessa, formidável como a escolha cega de uma baleia ? Eu conheci uma outra Margarida, bem menos trágica. Adormecera abandonada a um sentimento de desistência, façam de mim o que quiserem mas que me deixem, e acordado bem casada, a bordo do Funchal, rumo a Scheveningen. Tinha-se tornado excessivamente faladora. Era capaz de ter conversas demoradas no convés ou interpelar um desconhecido. André estava sempre ausente e os criados começavam a dizer graçolas. Eu era muito novo, tinha bilhete de segunda classe e como agora vergonha do que escrevia.

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