18 abril 2004

Paula do Sameiro

Debruçada à mesa, o que se vê primeiro em Paula é a cara. Uma cara espantosa, moldada pelo cabelo preto, liso, brilhante e apanhado atrás. Faces carmim intenso de couperose. Depois Paula ri-se. E mostra os dentinhos do mesmo tamanho e uns olhos rasgados a brilhar também. Paula tem a cabeça das mulheres pintadas por outra Paula, que não conhece. Mas o corpo é elegante, no irrepreensível uniforme. Serve há onze anos, os dois últimos neste restaurante.Nasceu em Vieira do Minho e tem um sotaque delicioso, o único em que é permitido dizer papas de sarrabulho, vinho verde ou pudim de abade de priscos. À despedida coloca-se um metro atrás de dona Rosa a desejar boa viagem.

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