Yerushalayim
Calcorreei o bairro judeu de Me'A She 'Arim e sem perceber entrei na cidade velha. Cruzei a Via Dolorosa e caminhei entre as mulheres judias com o cabelo tapado, como as árabes mas mais discretamente, os soldados israelitas de metralhadora a tiracolo e os rapazes de jaqueta, kippa e um ar saudável de camponeses instruídos. Os miúdos árabes pediam às escondidas. Uma mulher muito linda- que me pareceu a mulher mais linda que vira até então, magra e morena como as mulheres de Hugo Pratt, vi-a e logo a perdi numa transversal da rua Agripas, antes do mercado, quando os vendedores, fascinados pela sua beleza, aumentaram a intensidade dos pregões, já de costume ensurdecedores. Passei pelo pão, as sementes, as especiarias, os morangos, os bolos e os legumes. Um grupo de arménios colava cartazes de evocação do primeiro genocídio do século vinte, o dos arménios, em 1915, perpretado pelo governo turco. Depois caminhei atrás de uns padres da igreja ortodoxa grega, de aspecto miserável, que guardam o Santo Sepulcro e, na missa crepuscular, juntei-me aos fiéis das quatro confissões, entre a estação XII e XIII. Num botequim cujo nome não consigo transcrever fumei com outros como eu. E fui com eles até à Estação central vê-los partir para sítios incompreensíveis.
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