21 maio 2004

Começa-se a adivinhar que podem...(continua)

Há menos de 150 anos os maoris massacraram os maororis. À paulada. Homens, mulheres e crianças perseguidos nas covas e abatidos. Há 500 anos Pizarro encontrou Atahualpa. Trinta espanhóis passaram pelos ferros- era o aço a sua principal superioridade civilizacional-a plutocracia do imperador sul americano e a seguir milhares de soldados incas descalços e com paus. Até ser noite e não haver senão sangue e corpos mutilados. E foi assim em grande parte da história dos homens. O massacre, a violação, a escravatura, a negação da condição humana dos mais fracos. A este horror chama-se guerra.
No século vinte parecia ter-se afirmado uma perigosa “utopia”: todos os conflitos podem resolver-se pacificamente pela negociação e pela intermediação de organizações internacionais.A vanguarda desse movimento utópico seria a burocracia das grandes instituições internacionais, com relevo para a ONU e as suas múltiplas organizações, o universo cada vez mais pesado e institucionalizado das ONG, a burocracia transnacional da União Europeia, o establishment cultural, jornalístico, escolar e académico europeu e, pouco a pouco, as opiniões públicas europeias.
O vice presidente do Parlamento Europeu, em viagem pela Rússia, escreveu ontem um panfleto marxista onde pretende cunhar o termo olimpianismo (Minogue) para caracterizar esta “utopia”.
Todos os neologismos são bem vindos. Habitante de Hades, declaro-me desde já um simpatizante olimpiânico a abater, cúmplice, quiçá membro, do establishment cultural, jornalístico e académico europeu e norte-americano, embora, unfortunately, não da burocracia transnacional da União Europeia. Mas o panfleto trouxe-me à memória outro termo, um que Paul Nizan propôs há 50 anos: “Chien de garde”.

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