19 maio 2004

Educação Física

Acontece no exercício físico extremo ou prolongado. Se caminhares nas colinas, na Primavera, com esforço, sem conseguir falar. No squash sim também, no body qualquer coisa. Há um momento em que parece que não podes mais, um instante de sacrifício, em que o ar queima os brônquios e o peito te pede para parar. Depois é como se umas amarras se soltassem e é então que és livre, leve, e avanças envolta num casulo de seda fina que te torna invulnerável mas sentindo que és a mesma coisa que as árvores e as pedras e a água. As cores voltam numa paleta ofuscante, se soubesses cantar cantavas, vem-te à cabeça um verso perfeito. Como os neuromediadores se concentraram no sistema límbico, no hipocampo, podes julgar que é o amor, essa treta. Quando voltares à tua pulsação normal, essas zonas voltam a ter sangue conveniente. Por um atalho neuronal, acontece lembrares-te. Podes escrever na pele para que não te esqueças: foi tudo do cansaço, passou-se tudo na intimidade do teu metabolismo.

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