Elementos para a biografia (elementar) de André Bonirre
André Bonirre nasceu hoje e num dia no Verão de 2003, quando, encontrando-me impedido num cárcere da Penitenciária de Coimbra (com trânsito em julgado e logo culpado de um crime infame que não ousei até agora confessar-vos, nem me parece que a circunstância actual seja a mais propícia à vossa compreensão), lhe pedi para ir aos Açores procurar Ana Paula Inácio, a poeta agráfica. André é ornitólogo. Ninguém como ele para ouvir o cuco quando subimos às brandas ou para reconhecer pelo vôo o falcão peneireiro. Mas André não é o ornitólogo que Sofia encontrou em Milão. Nos Açores André não encontrou Ana Paula Inácio. Instalou-se numa casa junto ao vulcão dos Capelinhos onde esteve quinze dias que lhe pareceram quinze anos. A pele tomou a cor negra da poeira em que se dissipa o vulcão. Ele vinha à Horta ao fim do dia, sentava-se no café Volga, ficava a ver como a maré vazia cardava o Calhau suavemente. Quando Margarida Dutra o encontrou ele era um desses aventureiros a quem o mescal e a confusão dos crepúsculos fez esquecer a missão.
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