13 maio 2004

Na Livraria de Angra (continuação)

(...) Disse-lhe: Margarida. Ia dizer aquela frase estúpida do teatro: Já cá estão todos. Vai correr tudo tão bem! Mas só consegui dizer: Margarida.

Porque é um nome a que não estou habituado e não me tinha preparado, nunca me consigo preparar para estas coisas, ao contrário do Nemésio, a quem sempre fluíam facilmente as ideias e as palavras, sobretudo nestas ocasiões. Saiu-me mal o nome. Margarida. O primeiro r mal rolado, o a da segunda sílaba quase inaudível e a acentuação do i hesitante. Inesperadamente ela voltou-se, as feições banhadas numa sensualidade fina que repetia a de outra Margarida, e sorriu. Quando ela sorriu a cadeira até aí tão incómoda, a livraria de Angra do Heroísmo com aquela gente tocada pela literatura, a vida enfim, sei lá porquê, mas eram tudo sítios onde apetecia estar.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial