05 maio 2004

O 230 enforcou-se

O 230 enforcou-se na cela. Enforcaram-no, dizem os outros presos. Mas os presos mentem como se sabe, quem é que pode acreditar nos presos? O 230 também, mentia sempre, querem ver que a sua morte foi uma morte de mentira? Tinha graves problemas de toxidependência, o corpo todo marcado na enfermaria, disseram outros presos que o viram. Mas quem se interessa pelo corpo do 230? Quem lhe conta as marcas? Quem se lembra dele antes dos graves problemas de toxicodependência? Agora tem mais uma marca. No pescoço. Uma marca que lhe quebrou a laringe e lhe pôs uma cara grotesca, inchada, a cara irreconhecível dos enforcados. O 230. Numa prisão perto da sua casa, em breve, agora, ontem

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