Trilhos das Brandas
Partimos de Rouças. Uma aldeia com homens de aspecto alucinado soltando ameaças no café, uma ou outra criança brincando na estrada nacional, velhos coçando as hérnias . Só as mulheres mantêm alguma dignidade, todas de preto mas com botas de montanhismo. A rua principal, virada ao monte, está forrada pelos dejectos das vacas, camadas seculares que nem as águas de Inverno removeram. Um regato cruza-a e uma vaca aventurou-se nele à procura das ervas que ressumam das margens. Quando nos vê mija e a urina cai aos borbotões nas águas do riacho. Passamos o largo mais alto da aldeia disputado pelas galinhas e pelos galos que soltam o equivocado canto de despertar, apesar de ser quase meio dia. Começamos a subir o trilho de lajes que leva às brandas, pelos muros das propriedades.
Em cima, na branda de Gorbelas, há meia dúzia de casas sem sinais claros de habitação, apesar de estarmos em Maio. Algumas reses a saírem de um abrigo e à sua passgem solta-se o lamento do boi cobridor, sem direito a passeio. Os prados são terreno de uma raça de fêmeas separadas das crias e dos machos, uma espécie cativa há seis mil anos, desviada das suas formas de existência normal, em permanente trânsito para a nosso talho insaciável.
Continuamos a subir. Ouve-se o cuco. Ao longe as serras são roxas da urze em flor ou amarelas da carqueja. Gostava de colher, para te pôr no peito, lírios e jacintos nos rochedos mais inacessíveis. Depois a branda dos pastores, chamado o Poulo da Seida. Uma dúzia de construções primitivas, refúgio nocturno de pastores em redor de um vale murado. Mais acima está um extenso planalto delimitado pelo Alto da Pedrada e as Lamas onde nasce o rio Vez.. Esta zona está murada. Vemos o muro, com cerca de dois metros na sua maior extensão dirigindo-se para o vale. De vez em quando abre-se no muro um portelo. Se olharmos para o monte que fecha o vale, vemos um muro igual que parece convergir para aquele junto ao qual foi marcado o trilho. É o fojo do lobo, demoro a perceber. O sítio sem recuo onde o mal foi encurralado, empurrado para o fosso. Onde, sem coragem para o olhar nos olhos, caçadores embriagados levantaram os cajados até não ser preciso.
Em cima, na branda de Gorbelas, há meia dúzia de casas sem sinais claros de habitação, apesar de estarmos em Maio. Algumas reses a saírem de um abrigo e à sua passgem solta-se o lamento do boi cobridor, sem direito a passeio. Os prados são terreno de uma raça de fêmeas separadas das crias e dos machos, uma espécie cativa há seis mil anos, desviada das suas formas de existência normal, em permanente trânsito para a nosso talho insaciável.
Continuamos a subir. Ouve-se o cuco. Ao longe as serras são roxas da urze em flor ou amarelas da carqueja. Gostava de colher, para te pôr no peito, lírios e jacintos nos rochedos mais inacessíveis. Depois a branda dos pastores, chamado o Poulo da Seida. Uma dúzia de construções primitivas, refúgio nocturno de pastores em redor de um vale murado. Mais acima está um extenso planalto delimitado pelo Alto da Pedrada e as Lamas onde nasce o rio Vez.. Esta zona está murada. Vemos o muro, com cerca de dois metros na sua maior extensão dirigindo-se para o vale. De vez em quando abre-se no muro um portelo. Se olharmos para o monte que fecha o vale, vemos um muro igual que parece convergir para aquele junto ao qual foi marcado o trilho. É o fojo do lobo, demoro a perceber. O sítio sem recuo onde o mal foi encurralado, empurrado para o fosso. Onde, sem coragem para o olhar nos olhos, caçadores embriagados levantaram os cajados até não ser preciso.
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