Um dia que não devia existir
O campeonato da Europa de futebol é a guerra por outros meios. O Desmond Morris há muito que escreveu sobre isso e o Professor Marcelo, que agora também faz crónica num tablóide desportivo, invocou Aljubarrota e sabia o que estava a fazer. ( Mas a invocação é desastrosa: não temos archeiros ingleses, não temos táctica, o nosso Condestável está no fim de carreira e a melhor opção seria pô-lo no banco a rezar. Pior: desta vez eles querem ganhar). Dias destes deviam ser riscados do calendário. Eis-me apanhado pelo sangue e pela Escola, alistado num exército que não é o meu, a chorar quando cantamos o Hino antes da batalha. Não sei o que fazer. Não ligar parece-me covardia. Ver na TV é estar longe, os gritos não chegam ao relvado. Mas no Estádio o terror é insuportável e é ridículo passar mais de metade do tempo de olhos fechados. Abro a janela e tento ler os sinais. As aves voam para todos os lados. Os adeptos ainda dormem depois da noitada. Os jornais lá foram ouvir de novo o Alegre, o Durão e o Arnaut: o pior dos presságios. Há uma pequenina esperança que não digo. Mas já decidi. Vou ao Príncipe Real, àquele banco que tu, Cristina, reconhecerás. Deixo lá o bilhete durante cinco minutos (crossangústia).
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