A lagarta
Ela ia a guiar o jipe por uma estrada do Alentejo a pensar nas encomendas e nos prazos de entrega, quando uma lagarta se lhe colou no vidro. Parou, ligou o limpa brisas, o jacto de água, fechou os olhos com força, uma vez e a seguir. A lagarta vogava agora num território indefinido, já dentro do carro, ou talvez fosse enorme e estivesse no espaço. Uma lagarta translúcida, anelada, suspensa num movimento de progressão. Quando pôde recomeçou a viagem. Trouxe a lagarta até casa. Telefonou a amigos. Foi ao Hospital e o médico disse-lhe que era grave, qualquer coisa da retina que ela não percebeu. Foi a outro médico que se riu do primeiro. Não, afinal era do vítreo e sem remédio.
Por uma qualquer razão quando vê a lagarta lembra-se de mim. Pelo modo como o diz não sei se isso é um elogio ou uma maldição. Mas um par perverso formou-se algures e não sei como desatá-lo.
Por uma qualquer razão quando vê a lagarta lembra-se de mim. Pelo modo como o diz não sei se isso é um elogio ou uma maldição. Mas um par perverso formou-se algures e não sei como desatá-lo.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial