21 julho 2004

Safari fotográfico

A semana passada a Rosete, naqueles repentes que lhe dão, disse-me que ia num safari fotográfico, uma expedição organizada e cronometrada, com jeeps de fora de estrada e mochila às costas. Cada um leva o corpo e várias objectivas, consoante os anos de experiência, o gasto na bolsa e a sensibilidade de quem se esconde atrás da ocular. Ela disse que ia com um colega mas quando disse o nome eu já não estava a ouvir, deve ser um estúpido trauliteiro qualquer, sempre me disseram que devo ser simpático mas não burro. Claro que não estou chateado, desejei-lhe um bom passeio e disse-lhe que o momento do disparo é o melhor, ouvir o estrondo supersónico do espelho que sobe e desce e o folgar da tensão do enquadramento, por um momento sabemos que ficou perfeito. Ele, o outro, há-de saber explicar-lhe isso bem. Mas o que vai ela para lá fazer se até constrói paraquedas de papel para as baratas que encontra no quinto andar? Hibernar é que não vou, recuso-me de teimosia. Há bocadito recebi um sms sos não consigo fotografar, sinto que estou a roubar, é a minha meia hora de brilho sob o buraco do ozono, pensei. Depressa, ainda a tremer de quatro patas abri a net na página do manual do fotógrafo-em-safari, fotografa o que eles vêem, não o que tu vês. Era o cronómetro que estava a mais.

Jammes (num flash de ozono).

PC

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