Armas e munições
Cheguei a Riga para fazer uma visita a uma amiga. A casa dela, a cidade, a língua eram-me desconhecidas. Ninguém me esperava, ninguém me conhecia. Andei duas horas sozinho pelas ruas. Nunca tornei a vê-las assim. Cada porta lançava uma língua de chama, cada esquina espargia centelhas, e cada eléctrico surgia como se fosse um carro de bombeiros. Ela bem podia sair do portal, dobrar a esquina ou estar sentada no eléctrico. Mas, de nós os dois, eu teria a todo o custo de ser o primeiro a ver o outro. Porque se ela tivesse lançado sobre mim a mecha do seu olhar- eu explodiria necessariamente como um depósito de munições.
Walter Benjamim
In Rua de Sentido Único(o blog de Walter Benjamim). Na Relógio D’Àgua, 1992 (com excelente introdução de Susan Sontag).
Walter Benjamim
In Rua de Sentido Único(o blog de Walter Benjamim). Na Relógio D’Àgua, 1992 (com excelente introdução de Susan Sontag).
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