23 agosto 2004

Janelas Altas

Quando vejo um gajo a querer chatear
Ou uma gaja demasiado sensível
Ou um parvo a querer saber
A opinião
Reparem bem, a opinião
Sobre as oito ministras do Zapatero
Do Barroso ou do Chavez
Que posaram como modelos
Para a Marie Claire
Ou como manifestantes
Para o Monde Diplomatique
Ou quando constróem muros
Nas rotundas da terrinha
E há quem pense que isso
É uma causa nossa
Ou quando comemoram
A lusa olímpica medalha
Ou quando leio os patrulheiros
E o patrulheiro dos patrulheiros


Em vez de palavras, vêm-me à ideia janelas altas
O vidro que acolhe o sol, e mais além
O ar azul e profundo, que não revela
Nada e está em lado nenhum e não tem fim.


(dívida a Philip Larkin, Janelas Altas, tradução de Rui Carvalho Homem, edições Cotovia, Lisboa 2004 segundo Collected Poems,organizados em 1988 por Antonhy Thwaite, London, Marvel Press and Faber and Faber)

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