12 agosto 2004

para P.

Atendes o telefone ainda meio ensonado, "já estavas a pé? Ah pois, já percebi que não estás sozinho, ainda bem", depois diz-te o que te deixou para o almoço e que ela não vinha e o Pai também não. Ficávamos sentados na primeira carteira na aula de Filosofia, por causa daquela professora que parecia o pai de frente mas que nós gostávamos de ver por detrás. Ela dava-nos o lanche depois do estudo na mesa redonda da tua sala e à saída perguntava-me a sós como é que tu ías no estudo, como é que ía ser no teste e eu dava-lhe a minha melhor verdade. Há três anos começámos a mentir um ao outro, chorei em segredo o que pensei que estava para breve, escondi a sombra na alegria de a ver tão curada, cheia de força e esperança. Hoje não telefonou. Nunca mais telefona. Três anos não foi pouco tempo e por isso mesmo foi demasiado breve.

PC

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