05 agosto 2004

SILÊNCIO E AR CONDICIONADO

Éramos mais de 50 à espera, silêncio e ar condicionado. Tudo um espaço aberto. Música ambiente. Atendimento personalizado. Seguranças fardados. Produtividade. Painéis luminosos, écrãs planos, impressoras jacto de tinta. Modernidade. Tudo com investimentos públicos. Tudo pronto para privatizar, portanto. Enquanto espero, vem-me à memória um telegrama batido - “Jorge podes vir mamã enfim morta.”. E reparo, por entre o silêncio ambiente, que o poema só podia ter sido assim musicado num tempo em que havia bichas e guichets e se ouvia ao fundo o matraquear das máquinas de escrever e dos telexes e os telegramas eram pagos sílaba a sílaba.

[Na Caixa das Sugestões introduzi o meu contributo senil: “Substituir jacto tinta por laser; substituir música de elevador por Sérgio Godinho dos tempos do PREC, se possível]

André Bonirre

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