14 setembro 2004

Berlenguices

Esta enumeração cronológica de acontecimentos recentes – a Internacional cantada forte por sobre as ondas enquanto rumávamos à Gruta do Medo; o arrepio ao entrar nas frias águas baptismais; o túnel que não acaba, rastejado na escuridão (com uma lanterna inútil sem pilhas); o cagaço e o salto para um vazio azul de via láctea borbulhante e ecos cavernosos; nadar para a luz, nadar, nadar e renascer sob o olhar de vidro do corvo marinho, guardião desta outra boca da gruta; de novo embarcados, um breve e respeitoso cântico religioso de graças e depois o regresso por sobre as ondas de través – está mesmo a precisar de um final feliz: Madalena, a mais diferente das mulheres, acena radiosa mal avisto o cais.

André Bonirre

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