07 setembro 2004

Casamento

A noiva chegou, com um vestido quase branco que não conseguia estragar a sua beleza rara. Atirou-nos o ramo com o gesto liberal de um lançador de martelo, a nós, amontoados no caminho da capela com o ar confrangedor dos convidados de casamento antes da boda. Virou–lhes as costas e dirigiu-se para o hall do velho Hotel com passos decididos. As irmãs da noiva gritaram:
-Vai-se embora!
O noivo murmurou ao amigo que tinha ao lado, sem que este tivesse perguntado nada:
-É bem possível...
A noiva aproximou-se dos criados, alinhados à porta do Hotel, e pediu-lhes:
- Uma taça de espumante. E sirvam também os convidados, por favor.
- É suposto ser após a cerimónia, disse o que parecia ser o mestre de cerimónias.
- É suposto esta pobre gente não ter a boca seca na cerimónia. Dê-me um copo de whisky. E emborcou-o de um trago, poisou o copo, encarou os convivas como na arena o matador o touro e caminhou para eles com redobrada decisão. Os amigos do noivo, que curtiram juntos desde A Recordação da Casa Amarela até à Branca de Neve, exclamaram:
- Grande! Grande!, e começaram a bater palmas, que depois se espalharam, sem o mesmo entusiasmo, aos outros convidados.

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