13 dezembro 2004

Água

Vão-se com as primeiras enxurradas os amores a prazo. Todos os amores. Ou alegremente descem as pistas. Ou derretem-se à lareira. Ou aprendem o que devem fazer para desaparecer. Só alguns ficam. Como aquelas árvores que no Inverno são cobertas por um manto protector, ramos ao alto. E lembram um obelisco encurvado. Sabem quando voltam os que desaparecem, como os cometas de período longo. Inclinam um pouco mais os ombros, assobiam com o vento, têm a cara molhada. Mas é das chuvas, é a água das chuvas.

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