22 dezembro 2004

Neoténicos

Fiz parte do júri de um concurso ( do Júri) para o grau mais elevado (grau superior, último grau) de uma carreira técnico-profissional. Decorreu a coisa numa centenária instituição da cidade de H. O candidato mais jovem tinha cinquenta anos. Foi-lhe louvada a coragem por se ter apresentado tão cedo àquelas responsabilidades. Em privado o que se ouviram foram dúvidas sobre se teria maturidade para elas. Outro concorrente trazia uma camisa de finas riscas verticais coloridas e o terceiro botão aberto, pormenor que desde Pode um Desejo Imenso, do Frederico Lourenço, não pára de me impressionar. Outra exibia um vigor felino de praticante de body combat. Tinha mestrado, provas pedagógicas e anunciou para breve o doutoramento. Um jurado (Jurado), especialista em curricula paralelos, segredou-me que ela vivia uma paixão escaldante com um interno. Duas senhoras com sessenta e três anos dissertaram sobre os respectivos projectos profissionais. Quando a candidata que viria a sagrar-se vencedora se levantou para sair, apesar de procurar uma postura humilde, deixou entrever a tatuagem lombar. Procurando não a perder de vista verifiquei nos meus apontamentos a data de nascimento : 1948. À noite, assinadas as actas (as Actas), fomos todos para a noite. Quando começámos a passar um charro, o senhor Presidente do Júri disse que era a primeira vez que experimentava.

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