28 janeiro 2005

Auschwitz nunca existiu


Quando os soldados do Exército Vermelho chegaram ao campo não acreditaram. Ninguém sabia. Durante anos tinham desaparecido milhões de pessoas do Velho Continente, da pátria de Kant e da pátria de Pascal, da pátria de Frederico II e da de Erasmo. Milhões de mulheres, homens e crianças a quem tinham primeiro cosido uma estrela, depois metido em comboios que partiam de madrugada. Ninguém sabia de nada em Amsterdão, Londres, Nova Iorque, Paris. Ninguém soube nunca de nada em Lisboa, onde se dançou até 1945 nos bailes da Embaixada Alemã. Os camponeses, que durante anos cheiraram a carne dos fornos crematórios e limparam as cinzas que chegavam dos campos de extermínio, não sabiam de nada. Nós por cá continuamos a não saber. Há mesmo os que estão cansados do Holocausto, da exploração do Holocausto e paradoxalmente não sabem de nada. Ontem, na Polónia, na reunião dos povos da Europa, Portugal faltou. Os nossos melhores estiveram ocupados com temas importantes: as sondagens mentem ou dizem a verdade, quantos votos rende um debate. Salazar poupou-nos da guerra e agora poupam-nos destas sequelas. Não temos nada a ver com aquilo. Auschwitz nunca existiu.

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