A flosa à janela
(segundo post do quinto dia de um post por dia até terça)
Mais um dia em que não se abrem as janelas. À hora prometida só a folosa, a filós, o alado dentirrostro. O sol está excelente. Se janeiro resume o ano, como explicava a minha Avó Mariana, este ano será o ano que todos esperámos. A minha vizinha não é uma mulher magra e fraca. Talvez pareça assim, ao longe, na bruma da manhã, quando segura a chávena de café e olha as serras ao longe. Talvez pareça assim por usar as calças de pijama que o viajante deixou. Mas olhem como ela caminha na montanha. Vai à frente e sabe onde se pôem os pés, como a mão faz pinça no penhasco, como o corpo roda para encontrar o apoio. Ninguém lhe ensinou isto. Ninguém ensinou às mulheres como se segura um bébé, como se pôe o mamilo a jeito, como se faz para lhe calar o choro. Ela simplesmente caminha, atravessa o riacho e reconhece as pedras seguras, escala com técnica pela via certa.
André Bonirre
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