O lugar para onde ela olha
A fotografia vem ontem no Público (p14), é de Hrovje Polan/AFP e ilustra um artigo assinado por Sofia Lorena onde se dá conta da má gestão do programa da ONU “Petróleo por Alimentos”. Por desgraça não sei reproduzi-la.
Em primeiro plano, enorme, a sombra de um marine. No vão de uma ruína a silhueta de uma menina. Oito anos? Tem um vestido preto, comprido, com uma gola de pequenos enfeites floridos, igual à bandolette que segura os cabelos. Por baixo do vestido uma sweatshirt largueirona. A testa muito alta e o cabelo recuado nas têmporas dão ao rosto o contorno de um coração em diástole. A mão direita está na cinta. A boca fechada, morde os lábios, mas esta menina não tem medo. O marine, a sombra do marine, está a voltar-se para um ponto que a menina fixa. Volta-se também o braço direito do marine e com ele a arma magnífica que empunha. Para percebermos o lugar que a menina longamente fita, e o marine verá em breve, temos que nos voltar. Se nos voltarmos é à nossa vida que voltamos. Se olharmos o marine vemos, na névoa, as cidades desoladas dos estados centrais do continente americano, onde foi recrutado. Temos de olhar os olhos da menina.
É isto que penso da guerra do Iraque, e da devastada cidade de Falluja.
Em primeiro plano, enorme, a sombra de um marine. No vão de uma ruína a silhueta de uma menina. Oito anos? Tem um vestido preto, comprido, com uma gola de pequenos enfeites floridos, igual à bandolette que segura os cabelos. Por baixo do vestido uma sweatshirt largueirona. A testa muito alta e o cabelo recuado nas têmporas dão ao rosto o contorno de um coração em diástole. A mão direita está na cinta. A boca fechada, morde os lábios, mas esta menina não tem medo. O marine, a sombra do marine, está a voltar-se para um ponto que a menina fixa. Volta-se também o braço direito do marine e com ele a arma magnífica que empunha. Para percebermos o lugar que a menina longamente fita, e o marine verá em breve, temos que nos voltar. Se nos voltarmos é à nossa vida que voltamos. Se olharmos o marine vemos, na névoa, as cidades desoladas dos estados centrais do continente americano, onde foi recrutado. Temos de olhar os olhos da menina.
É isto que penso da guerra do Iraque, e da devastada cidade de Falluja.
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